Evariste Galois (1811-1832) foi um jovem francês que viveu ativa e intensamente as turbulências políticas da França no século XIX. Sua mãe foi sua professora até a idade de 12 anos. Em 1823 entrou para o Lycée de Louis-le-Grand e repetiu os estudos em 1826 porque seu trabalho sobre retórica foi considerado fora do padrão exigido.
Em sua curta existência de 21 anos, participou da efervescência do ambiente político da França pós-revolução; falhou em duas tentativas de entrar para a École Polytechnique; viveu um grande drama pessoal com o suicídio do pai; publicou pesquisas matemáticas em vários periódicos e fracassou em três tentativas de submissão à Académie das suas ideias sobre solução de equações por radicais. O matemático e físico francês Poisson (1781-1840) o incentivou a fazer a terceira tentativa e o próprio Poisson a recusou escrevendo que “o argumento dele não é suficientemente claro nem desenvolvido para nos permitir julgar seu rigor“. Ele tinha apenas 20 anos e hoje a Teoria de Galois é uma das mais belas páginas da matemática moderna.
Aos 21 anos, por conta de um insano duelo causado por um romance, ele chega a sua penúltima noite de vida, véspera do duelo. Existe a lenda que ele ansiosamente passa a noite escrevendo tudo que ele sabia sobre teoria de grupo. Se é verdade ou não, pode ser insignificante, mas ele deixou escrito nas margens do texto: “há algo para concluir esta demonstração. Eu não tenho tempo”.
Mas suas ideias existirão pela eternidade, graças ao matemático Liouville (1809-1882) que teve acesso ao trabalho de Galois em 1843 e anunciou à Académie ter encontrado uma solução exata nas anotações, citando poeticamente “… tão correto quanto profundo deste maravilhoso problema: dada uma equação irredutível de grau primo, decida se ela é ou não solúvel por radicais“.
