Os gladiadores da matemática

O termo gladiador traz à mente imagens de homens fortes e armados que lutavam entre si com bastante violência provocando ferimentos ou mortes. A história aponta também a existência de mulheres como gladiadoras. Estas lutas foram extintas pelo Imperador Constantino I em 325, mas o interesse por esse tipo de luta continuou até a idade média.

Mas vamos observar o que aconteceu no reinado de Frederico II Hohenstaufen (1194-1250), imperador do Sacro Império Romano e Rei da Itália de 1220 até sua morte, além de Rei da Sicília a partir de 1198 e Rei de Jerusalém entre 1225 e 1228. Ele gostava do sul da Itália e não aprovava os torneios apreciados pelos cavaleiros medievais (em particular por seu avô Frederico I Barbarossa), onde homens armados se mutilavam.

Então ele patrocinou as competições nas quais os desafiantes e os desafiados lutavam pela solução de problemas matemáticos. Um dos maiores desafios destas lutas foi a solução de equações cúbicas. Estes torneios matemáticos continuaram na Itália renascentista e se revelaram de suma importância para o desenvolvimento da matemática e tiveram um papel significativo nos primeiros sucessos alcançados pela ciência europeia.

Estes desafios foram a arena para o surgimento de fortes gladiadores tais como Scipione del Ferro (1456-1526), Niccolo Tartaglia (1500-1 557), Girolamo Cardano (1501-1 576), Raffaele Bombelli (c. 1 526- 1 573), Ludovico Ferrari (1 522-1565), Joseph Louis Lagrange (1736-1814), Galois, Ruffini, Abel, e Cauchy.

Mas nestes desafios também houveram o envolvimento das fraquezas humanas da traição e da inveja. E para não fugir à regra das tragédias dos gladiadores, diz-se que a vida de Cardano era repleta de aventuras e ele tinha um temperamento explosivo. Existe a história que ele elaborou o próprio horóscopo e se suicidou para garantir que previra corretamente o dia de sua morte.